Olá!

Depois de uma mudança tão abrupta e repentina como a provocada em 2020 pela pandemia da Covid-19, iniciou-se o modelo de trabalho híbrido, ou seja, passou a ser possível as pessoas trabalharem no escritório como a partir das suas casas.

A própria Microsoft, autora do estudo que iremos mencionar mais à frente neste artigo, afirma que o modelo de trabalho híbrido está a ser adoptado por mais de 160.000 colaboradores, em todo o mundo.

E no seu caso, está no escritório a tempo inteiro ou ainda está em trabalho remoto? Ou já adoptou um modelo de trabalho híbrido?

Neste artigo vamos falar sobre o Índice de Tendências de Trabalho de 2021, que já revelou manter-se actual em 2022, publicado pela Microsoft, analisando as 7 tendências identificadas, o impacto que irão ter na forma de trabalhar nas empresas e ainda as 5 estratégias que a Microsoft sugere para que as empresas consigam acompanhar esta evolução.

Neste momento, já todos nos apercebemos que o trabalho remoto veio para ficar, ainda que este possa ser intercalado por idas ao escritório. Este trabalho remoto criou novas oportunidades de emprego para alguns, ofereceu mais tempo em família e possibilitou a realização de viagens, sendo que se pode trabalhar a partir de qualquer lugar.

Mas nem tudo são vantagens, também há desafios pela frente. O isolamento dos colaboradores, as equipas que ficam mais circunscritas aos seus elementos directos, a aproximação de uma exaustão digital colectiva. Tudo isto são ameaças reais e insustentáveis.

Para melhor analisar estas questões e trazer esta consciência às restantes empresas, a Microsoft lançou o Índice de Tendências de Trabalho de 2021 que descreve os resultados de um estudo realizado a mais de 30.000 pessoas em 31 países, e uma análise de milhares de milhões de sinais de produtividade e mão de obra em toda a Microsoft 365 e LinkedIn.

Resultado desta análise são as 7 tendências que se seguem:

7 tendências de Trabalho de 2021, que se manterão presentes em 2022

1. O trabalho flexível veio para ficar

Segundo Satya Nadella, CEO at Microsoft: “As expectativas dos colaboradores estão a mudar, e vamos precisar de definir a produtividade de forma muito mais ampla”

A verdade é que, os colaboradores querem o melhor dos dois mundos:

  • Mais de 70% dos trabalhadores querem que as opções de trabalho remoto flexíveis continuem.
  • Mais de 65% anseiam por mais tempo presencial com as suas equipas.

A somar a isto concluiu-se que 42% dos funcionários, mesmo após 1 ano a trabalhar a partir de casa, não têm material de escritório essencial em casa, e 1 em cada 10 não tem uma ligação adequada à Internet para fazer o seu trabalho. Por estas razões, 66% dos decisores empresariais estão a considerar redesenhar espaços físicos para melhor acomodar ambientes de trabalho híbridos.

2. Os líderes não estão em contacto directo com os empregados e precisam de ser chamados a atenção!

Pode dizer-se que muitos líderes empresariais estão melhor que os seus empregados. Porquê?

  • 61% dos líderes dizem que estão a “prosperar” neste momento, enquanto apenas 38% dos colaboradores que não têm qualquer autoridade afirmam sentir-se de forma semelhante.
  • Factores como a construção de relações mais fortes com os colegas e com a liderança, o recebimento de rendimento mais elevado e a obtenção de todos, ou mais, dos seus dias de férias, são também mencionados pelos líderes de forma bastante mais recorrente do que pelos colaboradores sem cargo de liderança.

Segundo Jared Spataro, CVP at Microsoft 365: “Com o trabalho remoto, há menos hipóteses de perguntar aos colaboradores: “Como estás?” e apanhar pistas importantes à medida que respondem. Mas os dados são claros: as nossas pessoas estão em dificuldades. E precisamos de encontrar novas formas de as ajudar.”

O que é facto é que os trabalhadores sentem a desconexão com a sua empresa e 37% da força de trabalho global diz que as suas empresas estão a pedir demasiado deles numa altura como esta.

3. A alta produtividade está a mascarar uma mão de obra exausta

Na perspectiva de grande parte dos empregados, a sua produtividade tem permanecido igual ou ao longo do último ano, mas isto tem um custo. 1 em cada 5 inquiridos afirma que o seu empregador não dá importância ao seu equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional.

E os números não enganam:

  • 54% dos colaboradores sentem-se sobrecarregados.
  • 39% dos inquiridos a nível global sentem-se exaustos, valor que sobre para 46%, se observarmos em concreto a região da Europa, Médio Oriente e África (EMEA).

Além disso, os milhares de milhões de sinais de produtividade que a Microsoft 365 teve em conta, confirmam esta exaustão digital que os trabalhadores estão a sentir.

A verdade é que a intensidade dos dias de trabalho tem aumentado substancialmente com o crescente número de reuniões e chamadas e, quando comparamos as tendências de colaboração no Microsoft 365 entre Fevereiro de 2020 e Fevereiro de 2021, vimos que:

  • O tempo gasto nas reuniões da Microsoft Teams mais do que duplicou a nível global.
  • O tempo extra das reuniões era, em média, de 10 min e passou para 35 ou 45 min.
  • O número médio de mensagens enviadas em horário de trabalho cresceu mais 45% por semana e mais 42%, quando analisados os envios fora do horário laboral.
  • O número de e-mails entregues aumentou 40,6 mil milhões, quando comparado com o período homólogo.
  • Foi registado um aumento de 66% do número de pessoas que trabalham em documentos das ferramentas Microsoft.

A comunicação que existe neste momento não é estruturada nem planeada. 62% por cento das chamadas e reuniões não são estruturadas nem planeadas. E os trabalhadores estão a sentir a pressão para se manterem.

No entanto, e apesar desta sobrecarga, 50% das pessoas respondem às conversas das Equipas dentro de cinco minutos ou menos, um tempo de resposta que não mudou de ano para ano. Isto prova a intensidade do nosso dia de trabalho, e que o que se espera dos colaboradores durante este tempo, aumentou significativamente.

4. A geração Z está em risco e precisa de ser energizada

Quando falamos em geração Z falamos em jovens entre os 18 e os 25 anos, falamos numa demografia negligenciada que está a sofrer neste momento. 60% desta geração afirma que apenas está a sobreviver e a lutar.

E é fácil perceber porquê. Segundo Hannah McConnaughey, Product Marketing Manager da Microsoft: “O networking de alguém no início da sua carreira tornou-se muito mais assustador desde a mudança para um trabalho totalmente remoto – especialmente para quem mudou para uma equipa totalmente diferente durante a pandemia.”

E a verdade é que esta geração está no início da sua carreira, e torna-se propensas a sentir os impactos do isolamento, a lutar com a falta de motivação no trabalho, ou a falta de meios financeiros para criar locais de trabalho adequados em casa.

Comparativamente com gerações mais velhas, os inquiridos da geração Z relataram que fazem um esforço 8% maior para manter o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal e que se sentem 8% mais exaustos após um dia de trabalho típico. Além disso, esta geração também mostrou ter maiores dificuldades em manter o ânimo ou a motivação com o trabalho, em contribuir activamente nas reuniões e em trazer novas ideias.

As novas gerações, como a geração Z, oferecem novas perspetivas às empresas e ao mercado de trabalho. As suas contribuições são fundamentais e, como primeira geração a iniciar os seus postos de trabalho num ambiente completamente remoto, a sua experiência definirá expectativas em relação ao trabalho que terão pela frente. Garantir que esta geração sente um sentido de propósito e bem-estar é um imperativo urgente na mudança para o método de trabalho híbrido.

5. A redução do network está a pôr em risco a inovação

Para haver inovação é preciso haver network, é preciso haver partilha e o isolamento causado pela pandemia, e que as pessoas sentem nas suas vidas pessoais, também está a acontecer no trabalho. Os mil milhões de emails enviados, as reuniões, chamadas e videoconferências estão a limitar a diversidade dos nossos contactos e a encolher a nossa rede.

Segundo dados verificados no início da pandemia, enquanto as interações com as redes próximas de trabalho aumentaram, as interações com as redes mais distantes diminuíram. Agora, até mesmo as interações com as redes próximas de trabalho, com os elementos da equipa de trabalho, tendem a diminuir e apresentam já valores decrescentes.

Segundo o Dr. Nancy Baym, Senior Principal Researcher na Microsoft, “Quando se perde ligações, deixa-se inovar. É mais difícil entrar em novas ideias e pensar em grupo torna-se uma possibilidade séria.”

À medida que as empresas equilibram a mistura de equipas presenciais e remotas, os líderes devem procurar formas de fomentar o capital social, a colaboração entre equipas e a partilha de ideias espontânea que são factores que têm conduzido a inovação no local de trabalho há décadas.

6. A autenticidade é o factor que irá potenciar a produtividade e o bem-estar

Com níveis de stress sem precedentes, a tomar conta dos pequenos, a apoiar as crianças nos conteúdos escolares em casa, a trabalhar a partir de salas de estar, com cães a ladrar, e a afastar gatos curiosos, algo mudou. É verdade, o trabalho tornou-se mais humano!

Um colaborador em cada cinco conheceu os animais de estimação ou as famílias dos seus colegas, e um em cada seis, ou seja 17% dos colaboradores afirmam ter chorado com um colega durante ano. Este número foi ainda maior para os sectores mais atingidos durante este período, como a educação, as viagens, o turismo e os cuidados de saúde.

Esta informação é importante porque estas interações com colegas de trabalho podem ajudar a promover um local de trabalho onde as pessoas se sintam mais confortáveis para serem elas mesmas.

Quando falamos da EMEA e comparado com os valores médios globais: 27% dos trabalhadores dizem que são mais propensos a serem autênticos no trabalho, em comparação com o ano passado. Quando olhamos para os dados globais este valor sobre para os 39%.

Isto mostra-nos que nesta região ainda há uma grande tendência para um trabalho com fronteiras mais conservadoras e rígidas, que limitam a autenticidade e espontaneidade dos colaboradores nas empresas.

É muito importante que os líderes e colegas de equipa estejam atentos e garantam que as suas interacções no local de trabalho incentivam a autenticidade entre todos, especialmente em ambientes híbridos.

7. O talento está em todo o lado num método de trabalho híbrido

Um dos lados mais brilhantes da mudança para o trabalho remoto é que alarga o mercado de talentos. 46% dos trabalhadores remotos estudados a nível mundial planeiam mudar-se para um novo local este ano, porque agora podem trabalhar remotamente a partir de qualquer lugar. Já não é preciso sair da sua secretária, casa ou comunidade para expandir a sua carreira, e isso terá impactos profundos no panorama do talento.

Se olharmos para a EMEA nesta perspectiva, o número de trabalhadores remotos suscetíveis de se mudar para um novo local apenas porque podem trabalhar remotamente, é de apenas 36%.

Segundo Karin Kimbrough, Chief Economist at LinkedIn: “É provável que esta mudança se mantenha, e é bom para democratizar o acesso à oportunidade. As empresas das grandes cidades podem agora contratar talentos de grupos sub-representados que podem não ter meios ou vontade de se mudar para uma grande cidade. E nas cidades mais pequenas, as empresas terão agora acesso a talentos que podem ter um conjunto diferente de competências das que já tinham antes.”

O que está em jogo?

É agora, olhando para todos estes dados, perguntamos: O que está em jogo? O que irá ser o futuro do trabalho?

A verdade é que, à medida que o mundo volta à sua rotina, são cada vez mais os funcionários que estão a avaliar o próximo passo a dar nas suas carreiras.

Segundo a investigação feita pela Microsoft, 41% da força de trabalho global está a considerar deixar o seu actual emprego no próximo ano, com 46% a planear fazer uma grande mudança na sua carreira.

Portanto, de entre todos os factores mencionados, seja qual for a razão, o facto é que cada vez mais pessoas estão já a considerar o seu próximo passo e, por isso, a forma como as empresas abordam a próxima fase de trabalho terá um impacto gigante em quem fica, em quem sai e em quem procura entrar e fazer parte da sua empresa.

Para ficar a saber mais sobre este tema fizemos um vídeo que compila esta informação sobre o futuro no modelo de trabalho, segundo o Índice de Tendências de Trabalho de 2021 feito pela Microsoft.

Assista já!

 

 Vídeo: Trabalho Híbrido – O futuro no modelo de trabalho – Liderança Consciente ep. 6. Fonte: FULL FILL TV

 

O que fazer?

É preciso deixar de lado os pressupostos e regras antigos e mudar o modelo mental para abraçar esta flexibilidade. Para ajudar, a Microsoft partilhou 5 estratégias, que vão permitir os líderes empresariais a entrar de forma bem-sucedida no trabalho híbrido:

  1. Criar um plano para capacitar as pessoas para esta flexibilidade – É preciso planear tendo em conta as políticas da empresa, o espaço físico e a tecnologia. Existem algumas perguntas críticas que precisam de resposta, como:
    • Como estão as pessoas e o que precisam?
    • Quem poderá trabalhar remotamente, e quem voltará ao escritório?
    • Com que frequência?

É preciso assegurar-se que a empresa tem a resposta a estas questões e, em seguida, é preciso orientar os colaboradores nesta mudança.

  1. Investir no espaço e na tecnologia certos – O escritório já não tem só um espaço físico. É preciso fazer a ponte entre os mundos físico e digital. É preciso definir como ensinar todos os trabalhadores a utilizar eficazmente as ferramentas de que precisam para trabalhar, estejam onde estiverem.
  2. Combater a exaustão digital do topo – A questão da exaustão digital deve ser uma prioridade para os líderes. Não é um caminho fácil, mas é importante considerar reduzir a carga de trabalho dos colaboradores, abraçar o equilíbrio e criar uma cultura onde as pausas são encorajadas e respeitadas.
  3. Priorizar a reconstrução do capital social e da cultura – A criação e manutenção de relações sociais requer esforço em qualquer ambiente de trabalho, mas é ainda mais difícil num mundo digital. É essencial que as equipas voltem a fazer networking de uma forma proativa. É preciso incentivar e recompensar os gestores para priorizar a construção de capital social no trabalho, e procurar criar uma cultura onde o apoio social prospere.
  4. Repensar a experiência dos colaboradores – O panorama do talento mudou e as expectativas dos empregados também. É preciso que os líderes tenham empatia para compreender as necessidades únicas de cada grupo na sua organização, e sejam capazes de olhar para o trabalho remoto como uma alavanca para atrair os melhores e mais diversos talentos. É preciso definir como é que esta flexibilidade se pode tornar numa potencial fonte de atracção e retenção de talentos.

Em suma, a forma como os líderes irão gerir esta nova fase de trabalho híbrido vai impactar a capacidade de uma organização competir pelos melhores talentos, impulsionar a inovação, e criar um ambiente de trabalho inclusivo nos próximos anos. Será necessária uma mudança mental para repensar o modelo operativo e satisfazer as expectativas dos colaboradores.

Não há dúvida de que o desafio e a incerteza estão por vir, mas este momento também oferece aos líderes uma oportunidade de desbloquear novas formas de liderar. Se abraçarmos esta nova flexibilidade, seguirmos os conhecimentos e continuarmos a ouvir atentamente as necessidades dos colaboradores, será possível criar um futuro de trabalho melhor para todos.

Fonte: The Next Great Disruption Is Hybrid Work – Are We Ready?

https://www.microsoft.com/en-us/worklab/work-trend-index/hybrid-work

The 2021 Work Trend Index – Full report

https://ms-worklab.azureedge.net/files/reports/hybridWork/pdf/2021_Microsoft_WTI_Report_March.pdf

The 2021 Work Trend Index Visual Guide

https://ms-worklab.azureedge.net/files/reports/hybridWork/pdf/WTIVisualGuide.pdf

Foto por Sigmund no Unsplash

Este artigo foi originalmente publicado a 10 de Setembro de 2021.