Já reparou naquela vozinha dentro da sua cabeça que está constantemente a tagarelar e a desviar a sua atenção para vários assuntos?

Lembre-se desta manhã, por exemplo, enquanto se preparava para começar um novo dia, a sua mente estava silenciosa e presente naquele momento, com atenção plena nas ações que desenvolvia, ou estava a vaguear por múltiplos assuntos e preocupações da sua vida?

É essa voz, que está constantemente presente na nossa mente e nos faz passar grande parte do tempo em “piloto automático”, que dizemos ser a voz do Ego.

 

Homem a gritar para um telefone

Imagem: Homem a gritar para um telefone. Fonte: Icons8 team no Unsplash

 

O que é o Ego?

Todas as pessoas têm um Ego. A sua função é alertar-nos para potenciais situações de risco que podem pôr em causa a nossa segurança e bem-estar.

O Ego existe para nos manter vivos. É uma (falsa) imagem que criámos de nós próprios para interagirmos com o mundo exterior, para nos proteger.

O Ego alimenta-se da separação do eu com os outros, e tem quase sempre uma postura de Eu versus alguém. Sente-se sempre separado dos outros e isolado.

 

Ser isolado - Ego

Imagem: Ser isolado – Ego. Fonte: Cristian Newman no Unsplash

 

Na Inteligência Espiritual, não só defendemos que o Ego é necessário para um ser humano saudável, como não queremos de forma alguma aniquilar ou matar o Ego! Precisamos de um Ego para viver, mas precisamos de um Ego saudável!

Apesar da sua função ser positiva e essencial, e a sua missão ser muito importante para o nosso bem-estar, é preciso compreender que nem sempre o Ego nos está a ajudar, sobretudo quando não está saudável.

Quer conhecer melhor a Inteligência Espiritual? Descubra tudo no nosso artigo de blog “O que é e para que serve a Inteligência Espiritual?”

 

Como é que o Ego pode ser limitativo?

Cada indivíduo deve começar por ter a consciência de que possui um Ego, para conseguir lidar com ele de forma consciente. Para isso, é preciso conseguir identificá-lo, por exemplo através das suas vozes e assim começar a dar atenção à forma como este influencia a sua vida.

As reações menos positivas do Ego estão recorrentemente associadas a um conjunto de medos do ser humano que, num certo nível, deixam de ser saudáveis e podem ser limitadores, restringindo a liberdade e autenticidade de cada um.

 

Conhece a expressão “armadilhas emocionais”?

As armadilhas emocionais são formas de lidar com determinadas situações que cada um desenvolve ao longo da sua vida, com base nas suas experiências.

São reações defensivas que inconscientemente fomos introduzindo na nossa vida para nos protegermos de situações de risco ou constrangedoras.

Aliadas do Ego, as “armadilhas emocionais” são ativadas inconscientemente pelos medos do ser humano e podem ser incapacitantes.

 

Conhece os 3 Medos do ser humano?

Se não forem abordados de forma correta, os medos do ser humano podem estar demasiado presentes ao longo da vida limitando a experiência de cada pessoa.

Segundo Richard Barrett, o ser humano tem 3 medos:

 

1º Medo do Ser Humano – Estou salvo e seguro o suficiente?

No passado, cada um de nós pode não se ter sentido salvo e seguro, como quando nos sentimos abandonados por alguém, ou na iminência de sermos abandonados por alguém de quem gostamos.

Além disso, também pode ter havido a sensação de vulnerabilidade perante uma situação de perigo que sentimos que não podemos controlar, como acidentes ou catástrofes naturais, por exemplo.

Este medo pode chegar a atingir um ponto em que limita todo o potencial e autenticidade de cada um impedindo-nos de viver uma vida saudável.

 

2º Medo do Ser Humano – Sou amado o suficiente?

No passado, todos tivemos momentos em que não nos sentimos amados, ou que sentimos que não gostavam de nós como queríamos e, muito provavelmente já aconteceu não nos termos expressado como gostaríamos por medo de não sermos aceites, ou seja, hesitamos em ser autênticos.

Este medo está muito associado à necessidade de nos sentirmos amados. Por vezes, na procura dessa satisfação acabamos por colocar as necessidades dos outros à frente das nossas, como é o caso de algumas mães que praticamente se anulam pelos filhos e família, por exemplo.

E é aqui que este medo começa a limitar as nossas vidas.

 

3º Medo do Ser Humano – Sou bom o suficiente?

Este medo, de que não sermos bons o suficiente, surge muitas vezes porque sentimos que o nosso valor não está a ser reconhecido pelos demais.

Exemplo disto é a Síndrome do Impostor, vivido por atores, que não se sentem bons o suficiente, mesmo com elogios dados às suas prestações. Na verdade, sermos exigentes demais connosco mesmos, pode pôr em causa a nossa saúde, felicidade e bem-estar, porque nos leva a padrões de exigência elevados, por vezes, sobre humanos.

 

Como superar estes medos e acabar com as limitações do Ego?

Os medos e traumas adquiridos no passado podem impedir que o nosso potencial seja todo colocado em prática, prejudicando a nossa performance no dia a dia.

Mas superar as limitações impostas pelo Ego e pelos seus medos requer tempo e prática!

É preciso estar sempre atento à forma como inconscientemente nos sentimos perante as diferentes situações do dia a dia, tentar compreender as emoções que são sentidas, identificando o tipo de medo que é ativado e compreendendo as razões da origem do mesmo.

Temos de conhecer bem os medos que possuímos para conseguirmos avaliar as situações numa perspectiva não influenciada e tomar as decisões mais acertadas ao longo da nossa vida, sem nos guiarmos pelos medos.

 

Superar os medos do Ego

Imagem: Superar os medos do Ego. Fonte: Kal Visuals no Unsplash

 

Dica: Uma boa forma de começar a conseguir identificar os medos que sente ao longo do dia e alguns momentos de Ego é escrever todos os dias, no final do dia, uma reflexão sobre o que lhe vai na mente ou sobre determinadas situações que tenham ocorrido ao longo do seu dia.

Quando escreve sobre determinado assunto vai estar a refletir sobre o mesmo, o que pode trazer-lhe uma nova perspectiva sobre o acontecimento.

Se, quando estiver a escrever, não conseguir identificar nenhum momento de Ego nem nenhuma influência dos seus medos, crie alguma distância da situação e volte a ler o que escreveu passado um ou dois dias.

 

É importante compreender se os medos que sente são situações pontuais ou recorrentes para poder lidar com eles da forma mais indicada e aproximar-se mais do seu Eu Superior.

Lidar com medos ocasionais requer atenção e prática, mas se os medos forem recorrentes, poderá ser necessário fazer algum trabalho de psicoterapia, não devendo existir qualquer estigma em relação a isso.